domingo, 17 de outubro de 2010

Apresentação (Redundância)

Tenho a estranha mania de ficar ouvindo por horas e horas a mesma música, olhando a mesma pintura, a mesma foto, pensando na mesma mulher; e isto de certa maneira me frustra. Frustra porque me culpo por estar perdendo tempo. Perdendo tempo com a contemplação ao invés da criação. E criação para mim não é apenas escrever um texto, um poema, fazer um desenho, criação para mim também é ver um filme, ler um livro, ou até ler um simples aforismo que me emocione. Mas não será a contemplação o feto da criação? Essas alucinações de minha imaginação, me fazem autodenominar esquisito. Esquisito porque não me importo em nada com o mundo real, rejeito em absoluto o realismo, a razão. Questiono-me de como sou vítima da irresponsabilidade, e a cada questionamento vejo o quanto sou selvagem nesse ponto, porque tempo para mim não é dinheiro, tempo para mim é conhecimento.

Quando sou vítima do realismo sou levado ao pensamento da finitude, chamo de realismo dentre outras coisas, a religião, o povo, a política, as notícias. Dentro do conhecimento, por outro lado, sou quase a todo o momento também levado a idéia da finitude, mas uma finitude com arte, mentirosa, gostosa. Em razão disso se for pra eu pensar em morte, de fato, que seja somente depois que eu morrer.

    Marcos Ribeiro
     Primavera de 2010

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