quarta-feira, 10 de outubro de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Filosofia do Caos

"Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos."        
    
NIETZSCHE, Assim falou Zaratustra, Da Árvore da Montanha


No que podemos utilizar da filosofia enquanto vida, em que podemos usá-la em oposição à religião que promete uma salvação por alienação?

Se a usarmos como antípoda da religião cristã, primeiro, a religião impossível que usa como mandamento amar o próximo como a si mesmo. Ou seja, em termos mais realistas, sermos bons.

Dostoievski ao escrever seu livro O Idiota, nos mostrou que um homem bom nesse mundo cruel sempre será consumido pela deslealdade, bom é sinônimo de idiotice, portanto, como Nietzsche disse, nesse mundo só houve um cristão, e esse morreu na cruz. Visto dessa maneira, Cristo nada mais foi que um idiota, no sentido de bom. Legou-nos uma doutrina na qual, todos fingem aceitar mesmo sabendo ser inviável.

A moral cristã é impossível, pois o cristão que diz amar seu próximo, está preocupado com o espiritual, a única maneira de termos uma relação com o nosso próximo suportável e até agradável é pela ética humana, que ultrapassa a burocracia, a moral,  a lei, que faz de nós números e objetos. Se a obra de Kafka fosse ensinada nas escolas , por nossos pais, ao invés da bíblia, trataríamos os outros como a nós mesmo, ou seja, humanos e não coitados que um dia receberão uma recompensa divina.   

Essa metafísica cristã, que Nietzsche já acusava Sócrates de tê-la inventado, quando mudou o rumo dos filósofos pré-socráticos, ou da maneira de viver dos gregos anterior a metafísica criada pelo ateniense, este ao estabelecer dois mundos, inteligível e sensível, criou verdades, valores universais e superiores, e com isso, pôs limites à vida. Nietzsche em outro momento se refere ao cristianismo como platonismo para o povo. Com essa invenção socrática que veio até a nós pelos escritos de Platão, fez uma ruptura na maneira de viver dos gregos que viviam a vida sem a ideia do além-vida, do extra- mundo.

Os pré-socráticos que faziam dos sofrimentos a arte da tragédia, mesmo a vida sendo dura, mesmo sob a iminência da invasão dos inimigos, mesmo sob as dificuldades eles criavam: o teatro, os cânones do ideal de beleza, a filosofia, a democracia, os deuses se confrontando com os homens, produziam arte para suportar a existência. A vida era aquilo como se apresentava, o vir-a-ser necessário, e com a invenção do platonismo e do cristianismo, o devir passou a ser negado. Quando a vida se apresenta a nós com sua realidade trágica, artística, o homem de rebanho se refugia como uma criança que apanhou na rua a um Deus, um salvador, que irá socorrê-lo, mesmo essa criança sendo mal criada e não seguindo os mandamentos desse pai.

O grego aceitava, revertia o sofrimento para a criação, como relata Plutarco, quando disseram a Leônidas, que as flechas dos soldados de Xerxes, se lançadas, esconderiam a luz do sol, e no qual obteve a resposta do herói: “Então Combateremos à sombra".
Como no termo cunhado por Nietzsche: "Vontade de potência", dizer não para afirmar um sim, como a beleza de superar a si mesmo, fazer do sofrimento o instinto de uma força afirmativa e criadora, dionisíaca por excelência: Dionísio sofredor dos mistérios, aquele deus que experimenta em si o sofrimento da individualização.

Afinal, ninguém é livre dos constrangimentos vindos desse Deus cristão, pois segundo sua palavra, nenhuma folha cai de uma árvore sem a sua permissão, portanto, ninguém viverá sem os constrangimentos que a vida nos apresenta. Spinoza já poetizava dizendo que só Deus age sem constrangimento, e bem próximo de Nietzsche e dos gregos, ele dizia que o homem só é livre quando cria sua própria vida, se libertando das paixões vindas do mundo exterior. Neste seguimento Schopenhauer viu no pessimismo a saída, como ele disse: “Uma vida sem sofrimento é desumana”, e via a salvação com a fuga para o nada, ou a negação total da vida. Nietzsche viu a vida como criação e destruição e em vez da fuga, o sofrimento como delícia, como musa de criação do artista, do que faz de sua vida uma obra de arte.

Essa maneira de filosofar, com a fusão da filosofia com a vida, não é questão alucinada de quem gosta do sofrimento, mas daquele que o aceita, não o sofrimento em si, mas a vida como ela é, como toda criação que é gerada pela dor: o parto, as obras-primas da arte, as criações do homem primitivo que inventou suas armas, que dominou o fogo após o terror das feras e dos inimigos. A arte nesse sentido como uma questão de vida ou morte.

A arte ao invés da crença, a vida na sua plenitude ao invés da sua negação e da repressão dos sentimentos, pois é sabido que muitos dos males psicológicos e físicos surgem daquilo que reprimimos, os “maus pensamentos”. E assim faz sentido o famoso aforismo de Nietzsche:” Aquilo que não me mata me fortalece”, nada de otimismo, mas de vontade de potência no sentido de aceitar qualquer dor que o devir nos apresenta e fazer dela a nossa vitória, como o guerreiro grego que vai de encontro à batalha. Se vencedor, novas terras serão conquistadas.

Veja o exemplo do cantor americano Israel Kamakawiwo'ole, como sua obesidade mórbida, ele fugiu à vida e foi refugiar-se nas suas limitações? Pelo contrário, criou arte, e mesmo na sua breve vida deixou algo de belo para o mundo.

Manuel Bandeira, com dezoito anos perguntou ao médico quanto tempo ele teria de vida, o médico o respondeu: "pode viver cinco, dez, quinze anos... Quem poderá saber?” E nisso, disse o poeta, foi vivendo, morre, não morre. E ele se abateu como o Anjo melancólico de Dürer? Não, foi escrever poemas. E são tantos os exemplos de obras de arte criada a partir do caos. Não só da obra de arte em si, mas da vida como obra de arte. Do caos que fez nascer o universo, ou da poesia de Nietzsche em que tudo o que foi dito aqui  pode resumir-se: “Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si, para dar à luz uma estrela bailarina.”


Marcos Ribeiro Ecce Ars
Outono de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mesmo que o meu cérebro regredisse, eu não poderia converter-me ao cristianismo - pois seria o inferno se por acaso eu fosse para o paraíso e encontrasse por lá, os cristãos que me traíram nesta vida.
Marcos Ribeiro Ecce Ars

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Esclarecimentos sobre Nietzsche

Esclarecimentos sobre o ateísmo de Nietzsche, o além-do-homem, o super-homem e o eterno retorno.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011



Muitos são os que querem matar o artista: mal sabem eles que o artista quando morre ressuscita, entoando ditirambos. E os assassinos ao perceberem que o artista não morre, morrem eles!  Por se darem conta de que eles -  não possuem uma alma, possuíam apenas uma máscara. A partir daí perambulam nas sombras, acuados, escondidos, enfim, mortos. Vivos, porém mortos.  
Marcos Ribeiro

domingo, 17 de julho de 2011

Ditos Dispersos



I
Se a natureza me negar a cura para a vida, busco o remédio na obra de arte; se eu não a encontrá-la, eu mesmo  crio: a obra de arte, e a minha natureza.
II
A tragédia deixa o criador vulnerável para criar a obra de arte. Sem tragédia, sem obra de arte.
III
As pessoas são divididas em loucas e doidas. As pessoas doidas são loucas apenas a metade do tempo, e as pessoas loucas são doidas o tempo todo.
IV

Muitos vêem o filósofo como alguém especial, que não sofre dos males que o homem comum sofre. Mas, em verdade, não é nada disso, na realidade ele é Sêneca por fora e Sófocles por dentro.
V
Todo mal tem um lado bom, deste todo, inclui-se a morte. O lado bom da morte é a ausência dos encontros com os demônios.


Marcos Ribeiro Ecce Ars
03/08/2011

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Marcos Ribeiro Ecce Ars & André Anacoreta - diálogos

Diálogo entre Marcos Ribeiro Ecce Ars e André Anacoreta sobre filosofia e o mundo





domingo, 21 de novembro de 2010

"Não posso ter certeza que Deus não existe, mas posso ter a convicção que Deus é uma convenção".
Marcos Ribeiro Ecce Ars



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A loucura e a religião


A loucura é uma necessidade das pessoas pela loucura que a vida é, no entanto, elas reprimem essa vontade de serem loucas e vivem num estado estóico inconsciente para se mostrarem normais. Por esse motivo elas vão se refugiar na igreja, que é um espaço aceito para extravasar essa vontade: para rodar, gritar, enrolar a língua, elevar os braços a um céu vazio, chorar, conversar com o inanimado; enfim, se livrar do acúmulo de loucura para voltarem ao mundo da razão.

Marcos Ribeiro Ecce Ars

domingo, 31 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Apresentação (Redundância)

Tenho a estranha mania de ficar ouvindo por horas e horas a mesma música, olhando a mesma pintura, a mesma foto, pensando na mesma mulher; e isto de certa maneira me frustra. Frustra porque me culpo por estar perdendo tempo. Perdendo tempo com a contemplação ao invés da criação. E criação para mim não é apenas escrever um texto, um poema, fazer um desenho, criação para mim também é ver um filme, ler um livro, ou até ler um simples aforismo que me emocione. Mas não será a contemplação o feto da criação? Essas alucinações de minha imaginação, me fazem autodenominar esquisito. Esquisito porque não me importo em nada com o mundo real, rejeito em absoluto o realismo, a razão. Questiono-me de como sou vítima da irresponsabilidade, e a cada questionamento vejo o quanto sou selvagem nesse ponto, porque tempo para mim não é dinheiro, tempo para mim é conhecimento.

Quando sou vítima do realismo sou levado ao pensamento da finitude, chamo de realismo dentre outras coisas, a religião, o povo, a política, as notícias. Dentro do conhecimento, por outro lado, sou quase a todo o momento também levado a idéia da finitude, mas uma finitude com arte, mentirosa, gostosa. Em razão disso se for pra eu pensar em morte, de fato, que seja somente depois que eu morrer.

    Marcos Ribeiro
     Primavera de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Na realidade, todo crente em Deus, quer acreditar Nele, mas morre de medo Dele e jamais o quereria vê-lo. Porque, é fato, todo crente tem pavor de fantasmas".Marcos Ribeiro Ecce Ars

domingo, 25 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

sábado, 27 de março de 2010

sábado, 30 de maio de 2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

"Os ignorantes e o homem comum não têm problemas.Para eles na Natureza tudo está como deve estar.Eles compreendem as coisas pela simples razão delas existirem." 

Delacroix- Diário, terça-feira, 27 de janeiro de 1824

sábado, 28 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pacto de paz


Pobres demônios, antes anjos
Deixaram se levar pela ganância
E com teu líder conspiraram
Contra o supremo
Foram expulsos do paraíso
E nas trevas condenados a eternidade
Sem direito a clemência, se vingam
Criando bestas, anticristos e serpentes.
Por ódio e rancor, manipulam os humanos
A viverem uma miserável vida
Que não pedem para nascer
Mas crescem rodeados por tentações do mal
Adorando o que é pecaminoso:Sexo, musica, outras artes
E outros inumeráveis pecados
Afastando os homens da verdadeira vida
Que é negá-la, para viverem uma outra
Com o carrasco seus. Nas ruas de ouro.
Pobres demônios: arrependei-vos!E virem santos.
Tentem um acordo com o eterno
Quem sabe assim, o mundo enfim
Deixará de ser um inferno.


Marcos Ribeiro
Outono de 2008

Imagem: Gustave Doré baseado na obra Paraíso Perdido

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O vir-a-ser em Nietzsche e os Encontros em Spinoza




Para trazer à luz a obscura filosofia nietzschiana, considerada divisor de águas do pensamento ocidental, podemos usar como pedra fundamental o vir-a- ser, que influenciou muitos filósofos e pensadores da modernidade.
Uma reflexão mais abrangente pode fazer Nietzsche dialogar com outro filósofo, Spinoza.Deleuze faz uma reflexão cara sobre ele em O que é uma ideia e o que é afeto em Spinoza, mostrando a extemporaneidade do filósofo do século XVII, e nesse texto tento mostrar a aproximação da filosofia Spinozista com o autor de Assim Falou Zaratustra.
Nietzsche, que se inspirou em Heráclito transcreve em A filosofia na época dos gregos, a asserção do filósofo pré-socrático:
”Não vejo nada além do vir-a-ser, não vos deixei enganar! É vossa curta vista, e não a essência das coisas, que vos faz acreditar ver terra firme em alguma parte no mar do vir-a-ser e do perecer. Usais nomes das coisas como se estas tivessem uma duração rígida: mas nem mesmo o rio em que entrais pela segunda vez é o mesmo que da primeira vez.”
Heráclito diz que tanto o rio quanto o homem mudam incessantemente, e com isso negou a existência do “ser” parmenidiano.
A partir disto podemos concluir: Nada é, tudo o que acontece é inevitável, o que vemos ou o que sentimos é mera ilusão.
Com Heráclito Nietzsche conclui pela inexistência do ser, e nega a razão e a metafísica socrática e cristã. Como assevera o filósofo em O nascimento da tragédia: “Há somente um mundo e este é falso, cruel, contraditório, enganoso e sem sentido”. Mais adiante coloca a arte como redenção: “a arte nada mais que a arte... como via de acesso a estados onde o sofrimento é querido, transfigurado, divinizado, onde o sofrimento é uma forma de grande delícia.”
Assim, o filósofo se afasta do pessimismo schopenhauriano e critica o cristianismo onde a aceitação da injustiça e do castigo são necessários a justificação de um deus que serve de abrigo.Nietzsche propõe o contrário: “dizer sim sem reserva mesmo ao sofrimento, mesmo à culpa, dizer sim a realidade, dizer sim à vida...Ser ele mesmo o eterno prazer no vir-a-ser.”
Para indicar a semelhança entre Nietzsche e Spinoza, Deleuze diz em seu ensaio: “ Eu vivo ao acaso dos encontros e que há uma variação continua dos afetos e que uma idéia substitui a outra, assim vivemos num constante aumento-diminuição-aumento-diminuição da potência de agir.”Simplificando: somos o que somos ou o vir-a-ser depende exclusivamente dos encontros que temos no dia a dia ou ao longo de nossas vidas.
Deleuze explica como os afetos decorrentes de nossos encontros é o fio condutor que age no nosso vir-a-ser dando o seguinte exemplo: Eu cruzo na rua com Pedro com quem antipatizo e depois passo por ele, e digo “bom dia Pedro”, ou então sinto medo com quem me antipatizo. Subitamente vejo Paulo que tremendamente me simpatizo,e eu digo “ bom dia Paulo”, tranqüilizado e contente. Isso é para Spinoza, diz Deleuze, Potência de agir – e essas potências são eternas.
Assim como pode acontecer ao contrário, encontro na rua uma pessoa que me agrada e depois encontro outra que me desagrada, é o ultimo encontro que irá fazer minha potência de agir aumentar ou diminuir.No caso de termos um mal encontro e ficarmos tristes, Spinoza diz:“A tristeza não torna ninguém inteligente, na tristeza estamos arruinados.” Esse foi o ponto do vir-a-ser, o mal encontro, e Deleuze reflete com Spinoza: “Geralmente as pessoas fazem um somatório de suas infelicidades, é de fato aí que a neurose começa, ou a depressão, quando alguém se mete a contabilizar” Spinoza propõe: “Ao invés de fazer um somatório de nossas tristezas tomar uma alegria como ponto de partida local à condição que sintamos que ela nos concerne verdadeiramente.”
Assim, fazer da alegria um trampolim até encontrarmos outra alegria.
Ora, se tudo que acontece e que aconteceu, é e foi inevitável, logo esse acontecimento, seja ele de sofrimento ou dor, em breve ele não será mais o mesmo, como no rio de Heráclito, daí o pessimismo pode ser substituído por potência, vontade de vida, de criação, sabendo que esse momento se dissolverá em outro sentimento.
Dando outro exemplo: Suponhamos que nossas vidas dependessem de uma moeda, que de um lado fosse tristeza e do outro fosse alegria, e como no jogo de cara e coroa toda manhã ao acordar poderíamos saber como seria o nosso dia ao jogar a moeda para o alto, se a moeda caísse no lado da alegria já saberíamos como seria o nosso dia: só encontraríamos pessoas agradáveis, pessoas que iriam trazer a ajuda que precisamos, ganhar na loteria, encontrar um grande amor e etc.Já no outro amanhecer a moeda cairia no lado da tristeza; perderíamos dinheiro, seriamos assaltados, encontraríamos apenas pessoas que diríamos: “Estragou o meu dia”, sofreríamos acidentes, romperíamos relacionamentos ou seja, um inferno.No próximo dia ao jogar a moeda novamente e ...novamente tristeza, e no outro, tristeza ou alegria? O acaso: novamente tristeza e isso poderá se repetir por muito tempo, a probabilidade do acaso. Mas, a tristeza seria para sempre? A probabilidade do acaso nunca é para sempre e um dia a moeda irá novamente cair no lado da alegria, ou seja, o eterno retorno que foi revelado por Nietzsche.
Nietzsche encontrou a explicação da repetição dos acontecimentos com a visão que teve do eterno retorno, em A vontade de potência ele afirma:
“E se o estado deste instante esteve aí, então também esteve aquele que o gerou, e seu estado prévio, e assim por diante para trás de onde resulta que também uma segunda vez ele já esteve aí- assim como uma segunda, terceira vez ele estará aí...
Homem! tua vida inteira, como uma ampulheta, será sempre desvirada outra vez...
E então encontrarás cada dor e cada prazer e cada amigo e cada inimigo e cada esperança e cada erro...
É cada vez para a humanidade, a hora do meio dia.”
Ou, hora de desvirar a ampulheta, hora do novo vir-a-ser.

Marcos Ribeiro
Primavera de 2007